Quem se aliou à CBF, o cidadão ou o dirigente?

Bandeira_CBFEsta semana a Nação Rubro-Negra foi surpreendida com uma atitude extremamente controversa do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Melo.

Autor de declarações agressivas e contundentes contra a CBF, realizadas há menos de três meses, ninguém esperava ver uma cena em que Bandeira sorridente, dividisse a mesa com Dunga e Gilmar Rinaldi.

Nem mesmo seus maiores apoiadores em redes sociais entenderam o que aconteceu. Grupos de apoio ao presidente Bandeira vinham realizando mobilizações nas redes em que atacavam a CBF, seus patrocinadores, parceiros, rotulando-os de corruptos e cúmplices de um contexto de atraso e centralização de poder no futebol brasileiro.

Torcedores e associados se dizem chocados, membros da diretoria manifestam surpresa por sequer terem sido consultados a respeito, dirigentes da Primeira Liga, trincheira sob a qual alguns clubes vêm lutando e rivalizando contra cartolas do futebol brasileiro, falam em “decepção”.

Mas não parou por aí. Numa tentativa de construção de uma narrativa que justificasse sua união àqueles que até outro dia considerava autoritários e obscuros, surgiram frases como “nunca foi inimigo da CBF” ou ainda, “existe na CBF um processo de modernização elogiável”. Isso tornou ainda mais indefensável a atitude tomada pelo presidente do clube.

Além de ter sido, ao que parece, uma decisão pessoal, sem prévia discussão e análise junto ao Conselho Diretor, até o momento não conseguimos vislumbrar qualquer aspecto positivo para o Flamengo, mesmo após as notas redigidas pelos presidentes de conselhos, pelo próprio Bandeira de Melo, e demais manifestações de membros do Conselho Diretor através de suas redes sociais. Não parece razoável que uma decisão de tamanha controvérsia, possa ser tomada de maneira individual. Cabe ao presidente Bandeira entender que um convite, e consequente aceite, deste tipo não se referem ao cidadão Bandeira de Melo, mas àquele que hoje exerce a função de presidente da Instituição Flamengo e que, portanto, seria ético que os poderes do CRF, ou ao menos o Conselho Diretor, participasse da decisão.

Como pode o presidente do CRF dizer em sua nota, justificando a decisão individual que tomou, afirmar que implantou o princípio das “Decisões colegiadas no Conselho Diretor”? Será que ele não percebe a inconsistência de suas afirmações?

Cabe, acima de tudo, uma reflexão sobre a ética de decisão tomada por Eduardo Bandeira de Melo.

Mario Sergio Cortella define ética como “o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: quero?; devo?; posso?” e conclui explicando que “Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve”.

O presidente Bandeira poderia ter aceitado o convite daqueles “autoritários e obscuros” dirigentes? Claro que poderia. Fica óbvio, pela sua decisão individualista, que ele queria. A forma pouco transparente com que tratou tal processo decisório, não compartilhando a análise e decisão sequer com seus colegas de diretoria, é um claro indício de que, talvez envergonhado da decisão, sabia que não deveria ter aceitado o convite.

E não podemos sequer considerar o argumento de que seria “seria uma indelicadeza recusar” o convite. A responsabilidade de Bandeira, reeleito poucos meses atrás, é para com o Clube de Regatas do Flamengo, seus associados e seus torcedores. Não é de forma alguma com a (rotulada por ele) “autoritária e obscura” CBF.

Desejamos e esperamos que nas próximas decisões não prevaleçam as vontades, vaidades e desejos do cidadão Eduardo Bandeira de Melo, e sejam valorizadas a ética e a responsabilidade condizentes com o exercício da função e a honra de ser Presidente do Flamengo.

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