FLA+ se reúne com diretor de finanças do Flamengo

Membros do FLA+ se reuniram com o vice-presidente do Flamengo, Mauricio Gomes de Mattos, acompanhado do diretor de finanças, Paulo Dutra (PD).  A reunião, realizada no dia 26 de abril, abordou todos os principais temas da pasta de finanças do clube.

Paulo foi muito solícito e mostrou contratos da Globo (passado, vigente e ainda a iniciar, mas já assinado) para ilustrar os motivos pelos quais ele mudou a forma de inserir o valor das luvas nos balanços.

As luvas, até 2011 eram contabilizadas pelo regime de “resultado” e, com a chegada do PD ao departamento, foi determinado que elas entrassem pelo regime “diferido” por serem antecipações. Isso vigorou até 2015.

Ele demonstrou através dos contratos da Globo que, nos contratos anteriores, os valores das luvas eram condicionados a permanência do Flamengo na série “A” do Brasileiro e constavam expressões como:

–  ” pagar em 2012 pelo conjunto de temporadas o valor de R$xxx ” (no contrato de 2012).

– “pagar em 2014 pelo conjunto de temporadas o valor de R$xxx” (no contrato de 2014).

– “fará jus ao pagamento de luva no valor de R$xxx referente a assinatura do presente contrato, a serem pagas em 3 parcelas da seguinte forma” (no contrato de 2016 que abrange as temporadas 2019/2024).

Segundo Paulo, foram consultados Globo e outros órgãos. Ele afirma que todos foram contundentes no sentido de que, mesmo que o Flamengo não dispute por qualquer motivo aquelas temporadas, fará jus ao recebimento.

Também nos foi apresentado o item 10 da resolução de 2013 do CFC, omitido no texto que circulou na internet, onde constava somente o item 11.

Pela leitura apenas do item 11, realmente parecia que o balanço do Flamengo sofria “pedaladas”, contudo, com a leitura do outro ponto, ficou evidente que o procedimento não afrontava as normas vigentes.

Essa foi a explicação oficial do Clube sobre a mudança do modelo de lançamento no balanço.

De qualquer forma, Paulo Dutra nos tranquilizou dizendo que já foi cumprida a determinação do CoFi de proceder a consulta do CFC e, tendo uma resposta diferente do praticado, bastará republicar o balanço nos moldes definidos pelo conselho. Garantiu que  não há qualquer irregularidade nisso.

Sobre o questionamento de que todos os contratos deveriam ter então lançamento no passivo circulante sempre que houvesse alguma condição imposta, foi explicado que isso só se aplica a luvas, que o único contrato com luvas foi o da Adidas e isso continua sendo feito.

Não deve ser feito em outras rubricas, pois os valores entram ano a ano, diferente da luva que é uma antecipação recebida e que deve ser “descontada” todos os anos durante a vigência do contrato.

O mesmo se aplica ao desconto do Profut. A isenção não tem que constar no passivo circulante, pois o fato gerador da perda da mesma ainda não aconteceu (exclusão do PROFUT) e, mesmo que tivesse, estaria dentro dos 30% permitidos pela lei do PROFUT.

Os valores da dívida do BACEN estão relacionados como nota explicativa, assim como da ação do ISS, pois estão classificados como “perda possível”. Segundo ele, as classificações são: Provável (que tem que entrar no balanço), possível (que entra como nota explicativa), ou remota (que não entra).

Sobre o lançamento de comissões para agentes e intermediadores, fomos informados que TODAS as transações de jogadores (entrada e saída) geram uma comissão para algum empresário e que sempre dois recebem. Um de nós, e outro pelo outro clube. Ou seja, pagamos na compra e na venda.

Sobre as diversas leituras a respeito do tamanho da dívida, ele explicou que existe a Dívida Bruta – que é registrada como Passivo – e a Dívida Líquida – que é a dívida bruta menos os ativos (luvas) – e esta é a divida real do Flamengo. Em resumo: aquilo que precisa ser liquidado para dizer “não temos mais dívidas”.

Sobre manter a dívida sob controle por conta das bases de aumento do PROFUT, foi explicado que a mesma é calculada pelo sistema Price que é crescente, havendo um “plus” que é o seguinte:

– Nos 2 primeiros anos, o Flamengo so paga 50% do valor da parcela.
– No 3º ano, paga 75%.
– Apenas no 4º ano que ele passa a pagar a integralidade.

Sendo que cada parcela aumenta mês a mês da seguinte forma:

Valor da Parcela atualizada mês a mês pela SELIC +1% do valor da parcela.

Segundo ele, vale a pena continuar no PROFUT e não antecipar nada, pois o custo da dívida do Flamengo estava apurado antes do Profut em 23% a.a. e a SELIC tende a 12% a.a.

Sobre o balanço patrimonial e a redução do capital circulante, foi dito que a preocupação da gestão não é com o capital circulante. Que exceto Barcelona e Real, clubes subsidiados, a regra do futebol é que os clubes tenham sempre capital circulante abaixo de 1 devido a baixa liquidez (muitos direitos de jogadores que não são tangíveis, diferente de uma fábrica que tem produtos).

Explicou que o foco é a redução do passivo circulante, mesmo que não haja aumento do ativo circulante (dinheiro em caixa).

Lembrando que a formula é:

Capital Circulante Liquido = Ativo Circulante – Passivo circulante
e que o ideal é o resultado ser maior que 1, sendo que o Flamengo caiu de 0,35 (em 2015) para 0,20 (em 2016).

Finalmente entrando no assunto Ilha, foi explicado que o orçamento da ilha foi de R$12M, mas o custo final está em R$15,5M, sendo certo que destes, R$1,6M foram por conta da obra da tubulação de águas pluviais.

Segundo PD, foi feito um estudo de solo prévio, mas o mesmo não contemplava as tubulações e galerias sob o estádio, apenas o solo em si.

Os valores das obras da ilha estão sendo divididos em duas classes no balanço 2017: Despesas com jogos e Ativo imobilizado (como refletores, e equipamentos que ficarão com o Flamengo após o fim do contrato).

Sobre possível atraso na ilha por conta do remanejamento de equipe para o Maracanã, ele informou que foi um equívoco da imprensa. Foi deslocado apenas o gerente da Obra, Sr. Claudionor, que foi gestor no Maracanã por anos e contratado para a Ilha. Ele ajudou na reativação do Maracanã por conta da sua experiência.

Por fim, afirmou que as despesas com o Maracanã para o jogo contra o San Lorenzo foram mesmo aquelas apresentadas pela imprensa (próximo a R$2M) e que não há contrato para o Flamengo ser ressarcido pela ODB, ou seja, esse dinheiro não volta.

1 Comentário

Ricardo

7 anos atrás

Parabéns pela iniciativa e pelo empenho em querer sempre o melhor para o nosso Mengão !

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